O glutão (Gulo gulo), também chamado vulgarmente de carcaju, é o mais maciço e possante dos mustelídeos.
Características do glutão (carcaju)
O glutão mede cerca de 90 centímetros de comprimento, mais de 40 cm de cauda. A altura, na espádua, é de 40 cm. Pesa cerca de vinte quilos. A dentição, muito possante, constituída por 38 dentes.
Tem dorso arqueado, cabeça redonda, focinho achatado e, para um mustelídeo, membros longos que terminam em pés e mãos grossos, com cinco dedos munidos de garras recurvadas. Excetuando-se a cauda longa e bastante pilosa, pode dizer-se que tem o aspecto geral de um urso.
A pelagem
A pelagem do glutão (carcaju) é longa, grosseira, impermeável, com setiformes que formam uma cobertura densa. Durante os invernos rigorosos, ela protege o animal contra o frio e não retém flocos de neve ou gelo, e a umidade que resulta da transpiração não se condensa entre os pelos.
A coloração geral é castanho-escura; duas listras arruivadas partem das espáduas e acentuam-lhe os flancos até à base da cauda. A face, as bochechas, a garganta e o peito podem ser acinzentados.
A muda de pelagem do glutão ocorre duas vezes por ano. No início do verão, o animal perde os pelos gradativamente, partindo da cabeça para a cauda. No início do inverno a muda se dá, de modo inverso, a partir da região posterior do corpo, indo em direção à cabeça.
Habitat do glutão (carcaju)
O glutão vive em todas as florestas boreais do globo. Como acontece com muitas espécies que habitam a região setentrional, como o lince, o castor e a rena, sua área de distribuição geográfica forma um cinturão ao redor do Ártico.
Encontram-se glutões em todas as florestas das regiões nórdicas europeias, asiáticas e americanas, desde a Noruega até à Sibéria e desde o Alasca até à costa oriental do Canadá.
Essa distribuição circumpolar é explicada pela prevalência de climas parecidos e pela continuidade das terras, hoje separadas, num passado relativamente recente. A incrível voracidade do glutão fez com que ele recebesse o mesmo nome em todas as regiões onde ocorre.
Comportamento do animal
Vivendo numa zona onde o sol permanece vinte e quatro horas no horizonte, o glutão (carcaju) é tão diurno como noctívago. Prefere as encostas das montanhas mais isoladas, mudando de um domínio para outro segundo suas necessidades e buscando, para repousar ou digerir um repasto, abrigo provisório entre as rochas, numa toca abandonada ou numa moita espessa.
Como acontece com os demais mustelídeos, não cai em sono letárgico, mesmo nos invernos mais frios.
Alimentação
O glutão devora tudo o que encontra, até mesmo pedaços de couro ou as peles secas preparadas pelos esquimós. Roedores constituem a base de sua dieta, em particular os lemingues. Nos anos em que as populações destes aumentam, o glutão não tem necessidade de procurar outro alimento. Às vezes segue raposas e lobos para aproveitar os restos de seus repastos.
Hábitos de caça do glutão
Quando a necessidade se faz sentir, o glutão não hesita em atacar presas de grande porte, como renas e alces. Excelente trepador, ou escansor, permanece de tocaia sobre um ramo de árvore, de onde cai sobre a vítima desprevenida.
No inverno, o carcaju segue as linhas de armadilhas que são colocadas por caçadores de peles e, destramente, retira a isca ou as peças apanhadas, o que faz dele o pesadelo dos caçadores.
O glutão devora as presas menores juntamente com a pele e esconde os restos das de porte maior para refeições posteriores. Não desdenha animais que encontra mortos.
Bom de briga
Apesar de seu pequeno tamanho, o glutão é adversário perigoso, que enfrenta qualquer oponente, mesmo o lobo ou o urso. Pode ser que o odor fétido que exala contribua para que outros animais o evitem.
Características do glutão (carcaju)
O glutão (carcaju) apresenta um andar característico: desloca-se com a cabeça baixa, o dorso arqueado, em saltos interrompidos por piruetas: executa uma espécie de galope bastante rápido, em que os pés caem sobre as marcas deixadas pelas mãos, o que lhe permite alcançar os animais que persegue na neve.
Curiosidades
O sentido mais desenvolvido nestes mustelídeos é o olfato, e eles marcam seu território, como as outras espécies, depositando a secreção de suas glândulas perianais em troncos de árvores e rochas contra os quais se esfrega.
Acrescenta um curto jato de urina, que define a área defendida, bastante ampla e partilhada com duas ou três fêmeas, também marcadas com urina e almíscar.
Reprodução do glutão
A época de reprodução do glutão vai do outono ao inverno. Na Noruega, ocorre no mês de janeiro. Na fêmea do glutão, como na do texugo, a implantação do óvulo na parede do útero é retardada, o que dificulta o cálculo do período de gestação, que deve ser de cerca de sessenta dias.
A barrigada é de dois ou três filhotes, raramente quatro. Em maio a mãe dá à luz sobre uma camada de musgos quente e macia, numa fenda de rocha ou no interior de uma densa moita de arbustos.
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