Bolacha do Mar – Características e anatomia do equinodermo

A bolacha do mar é com certeza um dos equinodermos mais encontrados nas praias brasileiras. A seguir, tudo sobre esse curioso animal marinho em um resumo completo.

Características da bolacha do mar

A bolacha do mar um corpo hemisférico, de consistência rígida, caracterizado pela ausência de anexos ou tentáculos, sendo coberto por pequenos espinhos. A face superior de seu corpo é de formato abaulado, enquanto a face ventral apresenta um perfil achatado.



Espinhos superficiais

Toda a superfície corpórea da bolacha do mar, com exceção do perístomo e do periprocto, é coberta por espinhos longos e móveis, implantados sobre tubérculos arredondados. Sendo formações mesoblásticas os espinhos são inicialmente recobertos pela epiderme.

bolacha-do-mar-face-superior-e-ventral
Face superior (abaulada) e face ventral (achatada).

Durante a vida, a epiderme vai-se desgastando e os espinhos tornam-se nus. Entre os espinhos aparecem pés ambulacrários e pedicelárias trigonocéfalas, isto é, com três ramos.

Anatomia

No meio da face oral encontra-se o perístomo, uma área membranosa, apresentando no centro a boca, fechada por cinco dentes biselados. Em volta da boca encontram-se dez pés ambulacrários (pés bucais), que possuem em lugar de uma ventosa um disco terminal bilobado e intensamente inervado.

anatomia-do-equinodermo



Constituem órgãos químicos da bolacha do mar com importante papel na busca de alimentos. Na periferia do perístomo aparecem cinco pares de brânquias dermais, intensamente ramificados. No centro da face aboral, dorsal ou superior situa-se o periprocto, membrana incrustada por grânulos e peças calcárias, onde aparece o ânus, em posição excêntrica.

Esqueleto da bolacha do mar

Passaremos agora ao estudo do esqueleto, realizado em uma bolacha do mar seca, da qual foram destacados os espinhos. O periprocto é envolvido por dez placas calcárias dispostas em duas séries: interna e externa. A série interna consta de cinco grandes placas pentagonais, denominadas genitais, pelo fato de apresentarem os orifícios de saída dos gonodutos.

bolacha-da-praia-esqueleto

Uma das placas genitais com grande número de poros constitui a placa madrepórlca. A série externa é composta por cinco placas bem menores, as placas ocelares ou radiais. Cada placa ocelar é provida de um pequeno orifício para a passagem do tentáculo terminal, formado pelas extremidades do canal ambulacrário e do nervo radial.



Estrutura esquelética da bolacha do mar

Partindo das placas genitais e ocelares estendem-se até o peristomo fileiras de placas solidamente unidas, formando rígido esqueleto. Podem ser contadas dez fileiras duplas. Cinco delas partem das placas ocelares e são denominadas zonas ambulacrárias; com elas alternam as outras cinco, saindo das placas genitais e constituindo as zonas interambutacrárias.

As placas ambulacrárias de uma bolacha do mar são facilmente distinguíveis, por apresentarem poros para a passagem dos pés a ambulacrários. Todas as placas esqueléticas são providas de tubérculos hemisféricos, sobre os quais se implantam os espinhos, que se movimentam em várias direções, acionados por músculos especializados.

Sistema digestivo

O tubo digestivo da bolacha do mar é bem mais longo do que o corpo, devido a que descreve uma dupla volta orientada transversalmente. A boca é provida de cinco dentes, sustentados por um complicado aparelho mastigador, a chamada lanterna de Aristóteles, constituída por trinta peças calcárias e complexa musculatura especializada.

lanterna-de-aristóteles

Realizando um rápido estudo da lanterna, veremos que ela é constituída por cinco pirâmides, de vértice voltado para baixo e compostas por duas peças simétricas firmemente unidas por fibras resistentes.

As pirâmides

Cada pirâmide é oca e contém internamente uma haste calcária cuja extremidade inferior é talhada em bisei, constituindo o dente e a superior forma a raiz, recurvada e em contínuo crescimento.

Por cima, notam-se entre duas pirâmides vizinhas cinco peças superpostas, representadas por cinco rótulas ou foices recobertas por cinco compassos; estes são peças delgadas, bifurcadas nas extremidades e também conhecidas por peças da bússola ou peças em formato de Y.

Musculatura do aparelho digestivo

Para movimentar o aparelho digestivo, a bolacha do mar conta com uma musculatura bastante diferenciada. O perístomo aparece envolvido por um anel esquelético que nas zonas ambulacrárias se eleva formando arcos denominados aurículas.

Cinco pares de músculos protatores inserem-se inferiormente nas depressões entre as aurículas e superiormente nas bases das pirâmides, determinando a descida da lanterna ou dos dentes isolados.

Como antagônicos funcionam os músculos retratores situados entre as aurículas e os vértices das pirâmides; tais músculos produzem o levantamento da lanterna e o afastamento dos dentes. Salientam-se ainda os músculos abaixadores que, partindo das extremidades periféricas das bússolas, atingem o anel esquelético.

Como funciona

Pela contração tais músculos exercem pressão sobre um sínus celômico subjacente. O liquido nele contido é pressionado, enviando água para o interior das brânquias. Como antagónicos funcionam os músculos da bússola, que se estendem entre as peças de mesmo nome. Os últimos músculos descritos, apesar de estarem fixados na lanterna de Aristóteles, funcionam ao serviço da respiração da bolacha do mar.

Da lanterna sai para cima o esôfago, longo e delgado, conduzindo a um amplo estômago, que descreve uma volta no sentido dos ponteiros de um relógio, supondo que o animal é observado pela face oral. Partindo do estômago, o intestino dobra-se depois sobre si mesmo, para descrever uma volta no sentido anti-horário.

A parte terminal do intestino da bolacha do mar constitui o reto e subindo diminui gradualmente de calibre até atingir o ânus. O estômago é acompanhado pelo sifão ou intestino acessório, um longo e delgado tubo, internamente ciliado e provavelmente com função respiratória. Os demais sistemas anatômicos obedecem ao plano geral, já descrito nos caracteres gerais e na classe Asteroidea.

Reprodução da bolacha do mar

As gônadas da bolacha do mar são interradiais e se abrem nos poros das placas genitais. A fecundação é externa e o desenvolvimento indireto realizado através da larva pluteus. Os ouriços aparecem em cavidades ou abrigos que eles próprios escavam nas rochas, atritando os espinhos.

 

Continue aprendendo com CIÊNCIAS RESUMOS

Gostou de aprender sobre a bolacha do mar? Compartilhe!