O almiscareiro (Moschus mosehiferus) é colocado no fim da família dos cervídeos porque constitui um gênero intermediário entre esta família e a dos Tragulídeos, que vem logo após na classificação sistemática. Nesse artigo você aprenderá tudo sobre o almiscareiro, um cervo cujas glândulas produzem uma substância chamada almiscar, de agradável odor.
Características do almiscareiro
Como os Cervídeos, o almiscareiro possui glândulas odoríferas subcaudais e dedos laterais bem desenvolvidos, mas não tem chifres nem glândulas odoríferas lacrimais, nem glândulas interdigitais. O macho distingue-se de todos os outros Ruminantes pelos longos caninos do maxilar superior, que formam verdadeiras presas de 7 cm de comprimento, orientadas para baixo.
O corpo desse gracioso Ruminante pode medir 1 metrode comprimento e, como a altura não vai além de 58 cm. seu aspecto é bastante retaco. A parte posterior do corpo é mais alta que a anterior. As pernas são finas e o pescoço é curto. Os olhos, franjados de longos cilios, apresentam-se de tamanho médio e muito móveis.
Uma espécie de dobra cutânea entre os cascos faz com que os pés do almiscareiro se alarguem um pouco, descendo os cascos posteriores até o solo, o que permite que o animal ande e corra com a maior segurança mesmo sobre a neve e as geleiras.
A cauda, curta e espessa, quase triangular, é inteiramente lisa no macho, exceto na extremidade, que termina por um pequeno tufo de pelos. A pelagem, espessa e lisa, é constituída por pelos cerdosos bastante longos, grossos e ondeados.
A cor é, quase sempre, bruno-vermelha ou bruno-amarelada na parte superior do corpo, e branca na parte inferior, por vezes com uma longa fiada de manchas mais claras no meio do dorso.
Almiscar
O almiscareiro macho possui, na região inguinal (virilha), uma bolsa em que se acumula o almíscar segregado por certas glândulas. Esta bolsa, que tem a forma de um pequeno saco com cerca de 6 cm de comprimento, é recoberta, em seus dois lados, por pelos duros, lisos, deixando livre uma pequena área de pele nua na qual se observam dois minúsculos orifícios.
Estes orifícios se comunicam com a bolsa por meio de pequenos canais muito curtos. Numerosíssimas glândulas, situadas no interior da bolsa, segregam o almíscar. Quando cheia, a bolsa se esvazia por intermédio de um desses canais.
Neste momento ela contém, geralmente, uns 30 gramas de almíscar, mas essa quantidade pode, às vezes, atingir o dobro. O almíscar, tirado dos animais vivos, tem o aspecto de um unguento.
Uma vez seco, transforma-se numa substância granulosa de um belo vermelho-brunáceo que, com o tempo, fica negro. O almíscar é utilizado como fixador na indústria de perfumes. Os gregos e os romanos não o conheciam mas apreciavam muito os unguentos perfumados que mandavam vir da índia e da Arábia.
Habitat do almiscareiro
O almiscareiro escolhe seu domicílio nos matagais que recobrem os aclives mais escarpados, onde é encontrado muitas vezes, só ou aos pares. Ao alvorecer e ao crepúsculo, arrisca-se a sair a descoberto.
O almiscareiro desloca-se por uma sucessão de saltos muito graciosos e interrompidos, de espaço a espaço, por uma parada rápida para observar os arredores. Prossegue, depois, a passos lentos, mas não tarda em retomar seu curioso galope.
Comportamento
Quando importunado, o almiscareiro emite um assovio particular e, se é capturado, solta gritos agudos. Os dois dedos laterais deixam no solo um rasto bem visível, cuja marca se distingue facilmente da dos demais ruminantes que vivem nas montanhas.
Quando perseguido, o almiscareiro dá saltos tão extraordinários que lembram os da camurça, saltando de aspereza em aspereza, sem se ferir, até o fundo das ravinas. Ele pode fugir correndo por desvios tão estreitos que só dão exatamente para assentar os pés. Em caso de necessidade, atravessa a nado os rios mais largos.
Reprodução
A época de reprodução começa no meio do outono. Os machos lutam entre si encarniçadamente. Servem-se de seus enormes caninos, com resultados que se podem imaginar pelas cicatrizes que quase todos os machos adultos apresentam. Nesta época do ano o odor do almíscar, que o macho desprende, é insuportável.
Cento e sessenta dias depois do cruzamento a fêmea dá à luz um ou dois filhotes de bonita pelagem pintada. O alimento do almiscareiro varia segundo os lugares em que vive. No inverno come líquens que pendem das árvores no verão, plantas aromáticas que nascem nos altos das montanhas.
Considerando a caça encarniçada de que tem sido vítima, é surpreendente que a espécie não tenha desaparecido. Sua sobrevivência provavelmente é devida ao seu pequeno talhe, suas cores discretas e seus hábitos furtivos.
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